Para essa 23ª edição da Revista do Colóquio, nós decidimos retomar a recepção de submissões com temática livre. Até o número anterior, nossas edições abriam chamadas com temáticas específicas. Como consequência dessas chamadas, alguns trabalhos que não construíam diálogo direto com o conjunto dos textos poderiam ser publicados apenas em edições seguintes. Compreendemos que as chamadas livres permitem a divulgação mais ágil dos resultados das pesquisas. Além desse ganho, podemos contar com o lado positivo da imprevisibilidade. A diversidade de objetos de pesquisa e abordagens do campo das artes pode fazer com que cada edição funcione como um conjunto de portas para os mais variados interesses de leitura.

Outra mudança, a partir dessa edição, é o registro do DOI (Digital Object Identifier) para cada trabalho publicado. Esse registro é atribuído à publicação para que cada item seja identificado como um objeto único na internet. Aos poucos, esperamos estabelecer esse registro para nossas edições anteriores. Isso auxiliará na maior visibilidades e confiabilidade do periódico.

Descrição da imagem: fotografia abstrata com círculos cinza-escuros desfocados e com rastro de movimento sobre fundo cinza-claro na parte de cima da imagem. Na parte de baixo, faixa cinza chapado. Sobre essa faixa, lê-se: COL23: revista do Colóquio de Arte e Pesquisa do PPGA-UFES. Inverno de 2024. Logo acima dessa faixa cinza chapado, à direita, em letras bem pequenas, lê-se o crédito da imagem, que diz: Mark Francis, Veil, 1993. This image is available to be shared and re-used under the terms of the Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives licence (CC BY-NC-ND). Na parte superior da imagem, lê-se: Syntia Alves . Sandra Regina Bastos . Maria Cláudia Bachion Ceribeli . João Victor Coser . Cláudia Maria França da Silva . Frederico Franco . Marcelo Gandini . Jovani Dala Bernardina . Vinícius Antônio Batista Reis . Roney Jesus Ribeiro . Michele Marques da Silva Mallagutti . Jaqueline Torquatro . Iasmim Dala Bernardina Rodrigues . João Victor Silva Fernandes . Francisco Lemus . Hugo Bernardino .

No primeiro artigo deste número, “Eternizando a guerra: as imagens da Guerra Civil Espanhola de Robert Capa”, Syntia Alves (UNIMES) analisa como Robert Capa construiu uma forma de registro imagético que impacta a imagem da guerra até os dias de hoje. Já em “A relação da corporeidade com as tecnologias digitais nas exposições imersivas: ressignificando a arte e suas narrativas de comunicação, linguagem e espetáculo”, Sandra Regina Bastos (Seme-Vitória) aborda a cenografia de exposições imersivas para nos falar sobre os novos modos de interação e diálogo com imagens.

Já em “O sertanejo de ‘Os sertões’ em ‘Deus e o diabo na terra do sol’:  reflexos da estética da violência sobre um horizonte de expectativas”, Maria Cláudia Bachion Ceribeli (IFES/PPGL-UFES) nos fala sobre a como a recepção da obra euclidiana estabeleceu fronteiras para a abordagem e a percepção do sertão, do misticismo e do cangaço em obras posteriores. Em “Corpo, peles e espiral em Hundertwasser”, João Victor Coser (PPGA-UFES) e Cláudia Maria França da Silva (PPGA-UFES) aponta para as dimensões espaço-temporal, interativa e sígnica do corpo para nos ajudar a pensar a gestualidade em suas funções comunicacionais.

Frederico Franco (UNESPAR), em “Imagens entre a vida e a morte: reflexões a partir de ‘Ressurreição’ (1987), de Arthur Omar”, pergunta-se qual o papel do dispositivo fotográfico nas relações entre esse tipo de imagem técnica e a percepção da imagem da morte. Já Marcelo Gandini (IFES/PPGA-UFES) e Jovani Dala Bernardina (LEENA/PPGA-UFES), em “Grafite: modos de demarcar a cidade e redesenhar a paisagem”, voltam-se para o espaço público para pensar as construções identitárias dos sujeitos que interveem na paisagem da capital capixaba. Jovani também assim, em parceria com o artista Hugo Bernardino (LEENA), o ensaio visual “Entre paisagens, a construção da poética”, que apresenta imagens geradas a partir da exploração das paisagens do interior do Espírito Santo.

Em “‘Punk rock também é pra viado’: a estética punk no cinema queer de Bruce Labruce”, Vinícius Antônio Batista Reis (UFES) estabelece relações entre a visualidade do cinema queer e o movimento punk, através da história do queercore. Na sequência, em “Ativismo sociopolítico em artes urbanas, de Miguel Januário”, Roney Jesus Ribeiro (USC / UFES) e Michele Marques da Silva Mallagutti (PPGA-UFES), nos apresentam trabalhos e processos de criação diretamente ligados às transformações econômicas e sociais ocorridas em Portugal nas últimas décadas.

Jaqueline Torquatro (LEENA/PPGA-UFES), em “Presença da cultura indígena no cenário artístico: transculturação e cultura híbrida na América Latina”, analisa os efeitos do longo processo colonizatório nas representações indígenas em monumentos instalados em espaços públicos. Já no relato de experiência “Medi(a)ção”, de Iasmim Dala Bernardina Rodrigues (LEENA/PPGA-UFES) e João Victor Silva Fernandes (LEENA/PPGA-UFES) embrenham-se na mútua influência entre mediador e público, através de uma experiência de solilóquio.

Essa edição encerra-se com a tradução do texto de Francisco Lemus (CONICET/UNLP/UNTREF), “Arte e vida: os anos 1990 em Buenos Aires”. Nesse texto, publicado originalmente em 2021, Lemus aborda as produções de artistas vinculados à Galeria de Artes Visuais do Centro Cultural Rojas, nos fala da emergência da pandemia de HIV em terras argentinas e de como pensar o contexto local sob a ótica das micropolíticas para que se tenha uma compreensão mais adequada dos processos poéticos e obras ali geradas.

Rodrigo Hipólito

Vitória, junho de 2024.

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