Mania insensata de caminhar olhando para baixo. Certas ideias existem apenas para cima e revirar é o único modo de confundi-las. Ordem do dia: caminhe ao contrário, pise com os fios de cabelo (um banho demorado, com um bom shampoo, além do tacanho receio de que a água acabe, na ultrapassagem da ponta dos dedos, será um procedimento de grande ajuda).
Dentre as aparições do pensar para cima, formou-se a noite inventada diante dos olhos que não respiram mais imagens. Curioso perceber que a noite inventada parte do branco mais puro. Somente lá habita a imaginação sem linhas nem sínteses infantis apagadas para esse mundo (mania estúpida de representar o que já está li). Passe através dela e nada encontrará. O vazio que foge sobre o esforço é a dublagem de si mesmo sem um pingo de improviso.
O corte é brusco por não haver horizonte, não há olhos por não haver imagem. Não há estrelas porque estrelas precisam de espaço para abandonarem o chão. No branco não há luz porque no branco não é possível ver. O escuro é uma mentira porque é a ilusão de profundidade que mais profundamente engole. Talvez o vento seja o pouco que resta nessa passagem, já que está totalmente de fora. Esse não é o domínio do tempo. Esse não é o cálculo do instante. É o corte raso do que não pode ser passado.
O olho é uma tecla; não deves tê-lo. Quando eles chegaram, vindo do lugar mais próximo que se possa pensar, foi impraticável o re-conhecimento. O vício do teatral e o medo do sem-fundo fazem perder o invisível. Por que temer o que não se dá aos sentidos? Retire todos os cinco e, se necessário, corte a cabeça. Na tela chuviscada pode, vez ou outra, aparecer a diferença entre o que existe em verdade e a cópia sem original.
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