Assim como as palavras de um texto, as cores das imagens assumem funções que ultrapassam sua forma. No contexto medieval, a cor é chamada a ornamentar o objeto em que se encontra e assim a exercer funções além da de preenchimento das figuras. As imagens deste manuscrito do século XI exibem uma grande gama de cores que dialogam entre si e com o texto a que se referem. Nas faixas de fundo as cores exibem uma função estrutural ao dividir a narrativa; nos ornamentos de entrelaços o ouro aparece enquanto cor e matéria rica simbolicamente; na história do manuscrito a cor aparece honrando seus detentores e contribuindo com o caráter de luxo do objeto.
Sob o conceito de ornamentalidade, as cores se articulam e se entremeiam ao discuso das imagens e mostram-se como elementos ativos que ultrapassam uma questão formal-estilística.