About ¿Hay em Portugués?[1]
Dar é Dar, de Eric Watier, 2003, enfilera textualmente sessenta (60) propostas realizadas nos últimos sessenta anos: em comum entre elas: consistiram formalmente na atividade do proponente: a primeira proposta aparece descrita: “Em 1953, Williem de Kooning dá um desenho a Robert Rauschenberg para que ele o apague”: notem que a atitude ressaltada não é a de apagamento do desenho, posteriormente dependente em exposições de galeria e museu, nas quais incluem-se os livros oficiais: descreve a atitude de base, pois essa somente sobrevive e transforma-se no tempo pela descrição.
― Das incursões em arte postal de Daniel Buren (1968) aos convites para a atividade de Jochen Gertz (2000) o que mais me anima são as distribuições: Roberto Martinez (1992), Antonio Gallego (1993), Claude Levèque (1995), Véronique Hubert (1997)… essas distribuições concentram-se em sua própria atividade de modo concreto e por tal motivo conseguem ter alguma direção: necessitam simplesmente serem realizadas.
Pegue o esforço que usou para colocar algo pesado numa galeria e realize uma atividade egoísta sem medo. Escreva seu menor pensamento de hoje e distribua amanhã de manhã, não faço isso para os outros, apenas pegue um desvio neles para encurtar o caminho até você mesmo.
Um fim e um começo, Ulisses Carrón, 1979 (talvez antes): conta histórias da formação e fechamentos da Other Books and So, loja-galeria-editora de livros de artista atuante em Londres na década de 1970, que vira uma espécie de arquivo após seu fim: manter edições tão variadas como são as propostas gráficas de artistas parece mesmo inviável. Mas, tudo depende de para quem são feitos essas requintadas e exclusivas peças gráficas.
Quem eu quero que leia meu livro?: Meus livros terminam no lixo, Edward Ruscha, 1972: Sabichão, 2008: quem prefiro que não leia? Prefiro que seja usado para escorar a porta, para matar pequenos insetos ou para enfeitar a mesa da sala? Fiz ele mesmo para ser lido?
UMA TRADUÇÃO DE UMA LÍNGUA A OUTRA[2]
Lawrence Weiner
SE DE FATO EXISTE A COMUNICAÇÃO
TODA COMUNICAÇÃO É UMA FORMA DE TRADUÇÃO
AS NECESSIDADES & DESEJOS DE UM SER HUMANO
REQUEREM UMA TRADUÇÃO PARA A LINGUAGEM (ARTE, MÚSICA, ETC)
PARA ASSIM PRODUZIR UMA ESTRUTURA OU SITUAÇÃO QUE
RESPONDERÁ A ESTAR NECESSIDADES & DESEJOS
UMA TRADUÇÃO DE UMA
LÍNGUA PARA OUTRA
SE DE FATO TODAS AS COISAS DEVEM ESTAR À DISPOSIÇÃO DE TODO MUNDO
CADA COISA DEVE SER ADAPTÁVEL ÀS NECESSIDADES DE CADA GRUPO DE PESSOAS
(TALVEZ PARA ENRIQUECER A VIDA TAL COMO ELA É OU TALVEZ PARA MUDAR O QUE PODER SER MUDADO)
QUANDO UMA OBRA SE REFERE A ESSES OBJETOS & MATERIAIS
QUE SÃO EM SI MESMOS UMA REALIDADE EMPÍRICA NEM TODOS OS
CAPRICHOS POSSÍVEIS PODEM TRANSFORMAR UMA VIDA EM VAIA
O QUE SE PERDE É A ELEGÂNCIA DENTRO DA CULTURA
CUJA LÍNGUA FOI USADA PARA APRESENTAR A OBRA
DE FATO O ESTILO SEGUE SENDO APENAS O
MEIO DE APRESENTAR O CONTEÚDO QUE DEVERIA
PODER FUNCIONAR SEM NENHUM TIPO DE SUPORTE
UMA PEDRA É UMA PEDRA
ISSO NÃO EVITA A SENSUALIDADE
DO OBJETO ORIGINAL MAS
A TRADUÇÃO PERMITE A CADA CULTURA
ADAPTAR O OBJETO PARA SATISFAZER SUAS NECESSIDADES PARTICULARES
REALMENTE UMA TRADUÇÃO É UMA MOVIMENTO DE
UM OBJETO PARA OUTRO LUGAR.
Nova York, Dezembro de 1995.
Do resto só falamos depois.
[1] “¿Hay em Portugués? foi produzida no seminário temático ‘espaços impressos’, ministrado por Regina Melim, no programa de Pós-Graduação em Artes Visuais, Centro de Artes, Universidade do Estado de Santa Catarina, Florianópolis, durante os meses de maio e junho de 2012.”
[2] Tradução para o português da versão em espanhol UMA TRADUCCIÓN DE UN LENGUAJE A OUTRO, por Eudície Arratia em Mi Libro es su Libro, Selección de textos y obras traducidas, Lawrence Winer, editado por Alias, Cidade do México, 2008.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.