É muito comum pensarmos o processo criativo como etapas de produção para se chegar a uma formulação final. Os estudos de Cecilia Almeida Salles, nesse sentido, são bem interessantes, pois nos fazem parar e observar um caminho para a obra artística que são anteriores, nos fazem analisar registros como diários, anotações, esboços, rascunhos, maquetes, projetos, roteiros, tudo quanto é registro que o artista gera quando está no processo de criação.

O interesse de Cecilia Almeida Salles e outros trabalhos de estudos do processo criativo está num elemento investigativo, de pesquisa, de encontrar ferramentas para compreender o ato criador. Mas, esse ato criador, como ela mesma cita, seja no livro Gesto inacabado ou no Redes de criação, é complexo, é um emaranhado que exige uma discussão muito mais ampla. Estudar o processo criativo de artistas inclui a pesquisa acadêmica, teórica, institucional, mas é também um caminho de encontro para os artistas. Para um ato de autoanalisar seu processo de criação, de modo que auxilie nas suas etapas de produção.

Como você se organiza, o que você rascunha, como planeja, que esboços fará, como fará? Mas, porque sempre há vários mas na vida, essa complexidade do processo criativo nos mostra que esse processo vai muito além da materialização de um antecedente da obra. Acredito que os artistas, e quem mais lide com a produção de conteúdo e produção cultural, vão compreender quando eu faço a seguinte pergunta “você consegue dizer, com nitidez, quando começa e quando termina seu processo criativo durante determinado dia?” Você pode até ter as horas registradas em seu rascunho, quando começa a desenhar, a anotar coisas. Só que, de onde veio o que você anota, quando isso aconteceu? É isso! A complexidade do processo criativo invade nossas vidas e não se isola num registro.

“Ler, assistir e pensar”, esses três verbos foram o ponto inicial para a conversa que tive com a Glênis Cardoso e o Marcellus Freitas, para o ciclo de transmissões #MAESPERTO, do MAES, Museu de Arte do Espírito Santo – Dionísio Del Santo.

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