Texto de Rodrigo Hipólito
Como se trata de um conto curto, prefiro não passar uma sinopse ou fazer muitos comentários sobre o conteúdo da narrativa. Em vez disso, prefiro dizer como essa história escapou, por pouco, de virar apenas mais um arquivo na fila de limpeza automática da lixeira.
Esse é o caso de um texto saiu e voltou para a gaveta uma porção de vezes. Sua primeira versão, de setembro de 2008, era o argumento para um curta metragem. O antigo título era ruim, a filmagem complexa demais, quase impraticável de realizar em investimento e equipe. Engavetei.
Voltei ao texto algumas vezes, sempre que reorganizava os arquivos. Teve anos em que achei a ideia péssima e só não deletei da pasta por mania de guardar registros. Outra vez mudei de ideia e pensei em fazer uma animação. Com muito planejamento e esforço, conseguiria produzir tudo sozinho. Faltou disposição e paciência. Engaveitei de novo.
Lá por 2018, as antigas pastas de roteiro desapareceram e tudo virou texto literário. Algumas da ideias renderam e, de vez em quando, ainda retorno para inventá-las um pouco mais. Esse foi um dos argumentos que ficou na espera por uma janela para a reescrita.
Tentei transformá-la em uma ficção relâmpago e o texto foi recusado. Nunca encontrei um jeito de escrever microcontos e me sentir competente ou satisfeito. Ainda que a história fosse curta, precisava de umas palavrinhas a mais para, no mínimo, não sentir que a história ia ao mundo como um rabisco constrangido.
Ainda queria estendê-la e sei que devo fazer isso, sabe-se lá quando. Mas, as pequenas e grandes alterações realizadas desde as primeiras anotações desse texto faziam com que ele, por sua história, antes daquele que ali está contada, o fizesse cominar com a temática do número nove da revista Alcateia: metamorfose.
A Alcateia é gratuita e você pode acessar acessar o formato revista aqui e o pdf aqui. O projeto gráfico da Paula Cruciol e as ilustrações de Mariana Lio formulam um conjunto que me deixou ainda mais satisfeito com o destino desse conto.
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