Caderno de Anotações, p. 078, 02.01.2012
Essas considerações me lembram, são a grande ambição. Eis no que fazemos, o pensar-poetante (poetar pensante). O que nos revela em verdade. Cá estamos a desbravar o caminho. Sempre com placidez. “O homem retira-se do que se mostra como familiar, acolhedor, retira-se constantemente da permanência segura do já conhecido e ainda assim, no seu caminhar, instaura vigor, instaura sua morada por onde caminha e ao caminhar” (Caderno de Anotações, p. 051, 19.11.2011). Necessitamos desse vazio-preenchendo-se, numa constância que é desfalecimento em direção ao novo. Assim somos. O funcionamento e a grandiosidade dessas construções vemos na junção daquilo que não pode realmente ser, na junção do que tende a separar-se, e por isso constrói diálogo. Tal indeterminação é o pensamento que intui, é a intuição que pensa, é o poder de criação, que é produção, é a palavra coisa e o sentido vivo, é poiesis.
Desejamos saber, e desejamos o saber vivencial da verdade do mundo; e o que é a realidade do ser que dialogamos em cumplicidade; apanhamos o sentido da aparência (eidos) que eleva-se a nossa frente. Quando nos abraçamos em um mergulho pelo pensamento dentro do pensamento, pela intuição dentro da intuição. Não-ser, direcionamento para a indeterminação e incompletude, que alimentamos a retificação de nossas vontades, no dizer de que estamos aqui, no querer olhar quem me olha.