[Umberto Eco. A memória vegetal: e outros escritos sobre bibliofilia. Rio de
Janeiro:Record,2010.]
Apesar de extensa, esta resenha não objetiva abarcar a obra de Umberto Eco em seus mínimos detalhes, nem mesmo nos mais superficiais. Escrevo com o intuito de divulgar uma leitura prazerosa e, assim como o autor, promover o amor que tenho pelos livros.
Por meio dos livros, vamos para além de uma memória orgânica, aquela que guarda o conhecimento dos anciãos, arquivada pelo cérebro e divulgada pela oralidade. Não se trata de uma anular a outra, mas de novas existências. A memória mineral surge com o nascimento da escrita, mineral por ter sido iniciada nas tabuinhas de argila e esculpida em pedras (Umberto Eco inclui aqui a arquitetura como uma memória mineral). Com o avanço da escrita e dos materiais, a memória torna-se vegetal, o livro constitui-se sobre matéria vegetal – o papiro, os livros de trapos de linho, cânhamo e algodão; “etimologia tanto de biblos como de liber remete à casca da árvore” (p. 15).
Por meio do livro tem-se a representação de uma memória, mesmo coletiva, mas por uma perspectiva pessoal. “Não procuramos apenas decifrar, mas também …