Depois de medições detalhadas, observadas por especialistas da sonoplastia doméstica, conclui que o chiado dos LP’s é idêntico ao chiado das minhas defeituosas caixas de som, plugadas por USB.
O chiado que vem da vitrola cria uma ambientação simultaneamente vaga e profunda. O chiado transmitido pelos alto falantes baratos ao lado do teclado é exasperante e impede o pleno desenvolvimento da melodia.
A disputa entre presente e passado é um corvejar enjoativo.
Como intitular desenhos e fotografias, ou fotografias de desenhos feitos com displicente artesania para serem dispensados na árida web, quando o HD externo se debate por um espaço de respiro?
Atado a catalogação das unhas roídas, melhor seria que as letras fossem escritas diretamente no outdoor, para serem corroídas pela poeira de ferro e lavadas pela chuva escura.
[há um anúncio, na tela ao lado, que convida para o download do extenso disco do Flaming Lips, lançado em LP]
Minha datilográfica só me serve enquanto posso escanear ou fotografar o resultado do papel ferido em alta definição. É o mesmo quando assumo o desejo de exibir a materialidade do papel na iluminação adequada e tecnicamente eficiente da sublime penumbra em galerias pós-modernas (embora eu não esteja certo de que elas realmente já tenham existido).
Se todos já nascemos anacrônicos e é impraticável acompanhar a acelerada mudança de gerações, vou baixar o disco gravado para ser disco e esperar que isso dê sentido ao chiado dos alto falantes com defeito.
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