[resenha] Siete llaves para valorar las historias infantiles, parte 7

Resenha. Siete llaves para valorar las historias infantiles. Teresa Colomer.

Imagem de capa. Livro “Siete llaves para valorar las historias infantiles”, organizado por Teresa Colomer.

Resenha escrita por Fabiana Pedroni.

Referência completa do livro resenhado: COLOMER, Teresa (org.). Siete llaves para valorar las historias infantiles. Madrid:Fundación Germán Sánchez Ruipérez, 2002.

O livro organizado por Teresa Colomer estabelece sete chaves para atribuir valor ao livro infantil. Na parte 6, falamos sobre a sexta chave, em que a experiência de mundo do leitor é ampliada pelo caráter informativo do texto. Agora, vamos trabalhar a sétima e última chave do livro!

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A sétima chave (capítulo 7) trata do poder de intertextualidade de um texto, ou seja, um dos sete critérios de textualidade que explica a relação que um texto mantém em seu interior ou com outros textos. Esse mecanismo discursivo mostra como  as crianças estabelecem um diálogo próprio com a tradição através dos livros. Pela intertextualidade elas aproximam livros e enriquecem o seu entendimento de mundo, o que permite fazer cada vez mais inferências no texto que lê.

A partir dessa chave, fala-se sobre a reutilização de elementos, de motivos literários, que tracem relações entre diferentes textos, tradições e novas escritas. Pode-se reutilizar temas, personagens (como um guardião de lugar misterioso) pequenas sequências narrativas (como passar por um lago que anula a memória).

Para Ana Díaz-Plaja (p.161-162), há 4 tipos de reescrituras: 

– Reescritura simples: não pretende alterar o sentido da trama (pode animalizar os personagens como transformar os três mosqueteiros em três cachorros), modernizar cenário.

– Expansões: narra partes que não se havia explicado no original

– Modificações: se produz um processo de reinterpretação que altera o sentido original (p.162)

– Colagens: pode mesclar um ou vários contos a fundir os elementos.

Os escritores também podem usar referências de distintos subsistemas literários que coexistem no sistema literário de uma sociedade: diálogo com a literatura culta; a narrativa de tradição oral; a literatura infantil e juvenil; os quadrinhos; a ficção audiovisual, que também pode se tornar uma fonte de referências.

Principais razões para suscitar a reutilização deliberada de elemento reconhecível de um texto ou livro infantil: (p.171)

– Tornar mais acessível às novas gerações;

– Quando se tenha “entrado em crise alguns dos valores educativos sustentados pela obra de origem” (p.171), ela pode ser parodiada ou suscitar problematização. Por exemplo, “O Willy el tímido apela a referentes dos quadrinhos ou da publicidade para desvalorizar a ideia social do ‘masculino’ que frequentemente se transmite justamente em estes meios.” (p.171);

Ilustração. Anúncio mostra um macaco grande, de sunga e postura de luta. Há um título "No seas un debilucho!" e segue um texto de anúncio.

 Willy el Tímido, de Anthony Browne.

– Para ampliar conhecimentos culturais às crianças, já que a literatura possui papel formador;

– Desejo de explorar suas possibilidades artísticas no campo infantil, divertir-se com as mesclas;

– Desejo também comercial, ao reutilizar uma obra já conhecida;

“Para apreciar o diálogo entre os textos propostos pelos autores, para saber que se move em um campo de relações, o leitor deve ter uma certa experiência literária ou cultural” (p.172).

A atenção intertextual enriquece o valor de um livro porque “situamos a narrativa em uma encruzilhada de vozes, tradições e de maneiras de contar” (p.174).

Como nas outras chaves, o capítulo é fechado com uma lista de problemas, neste caso, das relações entre as obras (p.175):
– Pode ser que as crianças não conheçam a versão original e não possam identificar efeitos de paródia, humor, etc. É preciso oferecer também os originais para contextualizar as reelaborações;
– Pode ser que as crianças só conheçam os contos famosos pelas versões em filme, possivelmente já distantes da tradição cultural. Será preciso escolher boas versões originais;
– Pode ser que as referências intertextuais destinem-se ao público adulto e ignore o infantil;
– Pode ser que uma obra se utilize mal do jogo intertextual: não traga nada de novo;
– Pode ser que uma obra aposte na empatia com o leitor enchendo-se de referências do momento, que estejam na moda, e a própria obra se torne inacessível em pouco tempo.

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Ao final do livro, no capítulo 8 “Y todo a la vez”, uma obra literária infantil “¡Qué bonito es Panamá!” é avaliada de forma integral, segundo todas as 7 chaves, como uma forma de mostrar que estes elementos valorativos não funcionam de modo separado. 

É através dessas sete chaves que se pode avaliar o valor de um livro infantil. Vale dizer que cada uma dessas chaves implica em determinadas consequências, em problemas, quando elas não são atendidas com atenção, ou quando não se respeita a especificidade da literatura infantil.

Por outro lado, compreender as chaves e fazer bom uso delas, significa se aproximar do universo infantil e de sua própria linguagem. O livro organizado por Teresa Colomer é um material interessante não apenas para educadores, mediadores de leitura, parentes, como para aqueles que se envolvem no processo de criação de um livro infantil.

Link para todas as chaves:

Chave 01 – relação entre texto e imagem

Chave 02 – como entramos em um livro?

Chave 03 – vozes narrativas

Chave 04 – experiência estética do livro

Chave 05 – experiência do leitor a partir da vivência dos personagens

Chave 06 – experiência informativa no texto

Chave 07 – jogo de intertextualidade

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